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Nuno  Rebocho

Os cristais da memória no oceano do mito 

 

   O registo de um momento é cristal de memória. Retém as formas e as suas sombras e deles detém os sons e os cheiros e as ressonâncias das emoções. Por isso é que no claro-escuro das imagens há policromias (en)cobertas e ritmos que se descobrem quando o olhar espoleta os sentidos todos. Esta é uma das lições que Ana Telhado extraiu do convívio com as coisas absorvidas. 

   Os cristais dissolvem-se no rio das imagens e transportam o discurso para o oceano do Mito. E porque confabulam, transfiguram-se até outras viagens, outros nexos, outras percepções. Repensam-se e redescobrem-se. Fazem-se objectos intrigantes, já que se desassombram e desconhecem limites - são procuras ainda sem porto de acolhimento. São (apesar de muito) apenas rotas para algum onde. Estoutra das lições que Ana Telhado entendeu no convívio com os seus mundos. 

   Por isso,  Ana Telhado demanda a geografia dos mitos. O roteiro das suas imagens e o da sua própria navegação como um reviver de segredos, de sonhos e de mitos que também nos constroem a História. E nos desafiam. 

   

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